Donbass: o objetivo de Putin e o cerne do conflito na Ucrânia

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Donbass continua no centro das ambições de Putin no conflito na Ucrânia. Saiba por que esta região é crucial para a Ucrânia e a Europa.

Der Donbas bleibt im Ukraine-Konflikt das Herzstück von Putins Ambitionen. Erfahren Sie, warum diese Region für die Ukraine und Europa von entscheidender Bedeutung ist.
Donbass continua no centro das ambições de Putin no conflito na Ucrânia. Saiba por que esta região é crucial para a Ucrânia e a Europa.

Donbass: o objetivo de Putin e o cerne do conflito na Ucrânia

As negociações sobre um potencial tratado de paz para pôr fim à guerra na Ucrânia estão a ganhar impulso. Grande parte da discussão centra-se na região oriental do país, que há muito tempo está no centro das ambições russas.

A importância da região do Donbass

As regiões ucranianas de Donetsk e Luhansk, conhecidas coletivamente como Donbass, eram uma potência industrial na era soviética, famosa por Minas de carvão e siderúrgicas. A região também possui terras agrícolas férteis, rios importantes e um litoral no Mar de Azov. Historicamente, Donbass era a parte da Ucrânia com a maior população russa, e as minhas viagens para lá há dez anos revelaram que as pessoas na região tinham pouco afecto pelo governo distante de Kiev.

A desestabilização da Ucrânia

Foi aqui que Putin iniciou os seus esforços para desestabilizar a Ucrânia em 2014, após anexar a Crimeia. Milícias pró-russas, razoavelmente bem equipado com tanques, apareceu na região e rapidamente capturou as cidades de Luhansk e Donetsk do que era então um exército ucraniano mal preparado e desmotivado.

Conflitos e impactos humanitários

Durante quase oito anos, os enclaves separatistas testemunharam combates entre separatistas apoiados pela Rússia e forças ucranianas, que, segundo as autoridades ucranianas, deixaram mais de 14 mil mortos. Pelo menos 1,5 milhões de ucranianos deixaram Donbass desde 2014 e estima-se que mais de três milhões vivam sob ocupação russa. Moscovo distribuiu centenas de milhares de passaportes russos a pessoas em áreas de Donbass controladas pelos separatistas.

O reconhecimento dos separatistas

Mas Putin queria mais. Na véspera da invasão russa em grande escala, em Fevereiro de 2022, declarou que o chamado mundo civilizado “prefere fingir que este horror, o genocídio a que estão sujeitas quase quatro milhões de pessoas, não existe” e reconheceu Luhansk e Donetsk como Estados independentes. Mais tarde neste ano Moscovo anexou unilateralmente - e ilegalmente - ambas as regiões após referendos falsos, juntamente com as áreas do sul de Zaporizhzhia e Kherson, embora estas estivessem apenas parcialmente ocupadas.

As implicações geopolíticas

Existe um para o Kremlin grande diferença entre a retirada dos territórios ocupados (como fizeram os russos quando se retiraram de partes do norte da Ucrânia em 2022) e o abandono de regiões formalmente incorporadas na pátria - especialmente para um líder como Putin, que está obcecado com uma “grande Rússia”.

A situação atual no Donbass

Os analistas acreditam que, ao ritmo actual, o exército russo levaria vários anos para ocupar totalmente os territórios anexados. Ao mesmo tempo, a Ucrânia tem poucas hipóteses de recuperar muito do que já perdeu: quase toda Luhansk e mais de 70% de Donetsk. Mas Kiev ainda mantém o “anel de fortalezas” de cidades industriais, ferrovias e estradas que representam uma barreira significativa para as forças de Putin: lugares como Sloviansk, Kramatorsk e Kostiantynivka.

Pressão política na Ucrânia

Para o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, seria um suicídio político desistir do resto de Donetsk, uma área que muitos soldados ucranianos pagaram com as suas vidas para defender. De acordo com o Instituto Internacional de Sociologia de Kiev, cerca de três quartos dos ucranianos opõem-se a ceder terras à Rússia. Uma retirada do resto de Donetsk também deixaria as estepes abertas do centro da Ucrânia vulneráveis ​​à próxima ofensiva russa, como Zelensky enfatizou repetidamente, e também representaria uma rendição ilegal do território ucraniano.

A reação da comunidade internacional

Para os aliados europeus de Zelensky, isto também violaria um princípio central: que a agressão não pode ser recompensada com território e que a soberania ucraniana deve ser protegida. Tal como em 2014, o Donbass continua a ser o cadinho das ambições de Putin na Ucrânia e o maior desafio para a Europa, à medida que tenta agarrar-se a uma ordem internacional baseada em regras.