Críticas à nova videovigilância: direitos fundamentais em perigo!
O Ministro do Interior, Karner, anuncia a expansão da videovigilância, enquanto os defensores da protecção de dados e as ONG estão alarmados.

Críticas à nova videovigilância: direitos fundamentais em perigo!
O Ministro do Interior, Karner, anunciou que a videovigilância na Áustria poderia ser expandida para um número de locais de três dígitos. Esta medida surge no âmbito de um novo decreto que permitirá realizar videovigilância mesmo em locais onde existam apenas indícios de futuros ataques perigosos ou estruturas criminosas reconhecíveis. Anteriormente, a vigilância só era permitida em locais onde já tivessem ocorrido ataques perigosos. No entanto, esta nova medida é alvo de críticas massivas.
A ONG epicenter.works se manifestou veementemente contra a expansão da videovigilância. O argumento da ONG baseia-se no facto de a maioria das pessoas nos locais em questão não ter culpa de nada. Há também receios de que o reconhecimento facial automatizado possa permitir a definição de perfis de movimento da população sem um enquadramento jurídico suficiente. O especialista em protecção de dados Thomas Lohninger afirmou que esta expansão da vigilância pode ser considerada excessiva sem qualquer justificação concreta e sem debate prévio. Lohninger também pediu um teste de proporcionalidade para videovigilância em espaços públicos.
Quadro jurídico e Lei de IA
A crescente discussão sobre videovigilância insere-se num contexto mais abrangente, nomeadamente a Lei Europeia de Inteligência Artificial (EU AI Act), que entrou em vigor em 2 de agosto de 2024. Esta representa a primeira lei abrangente para regular a inteligência artificial no mundo. A Lei da IA da UE prevê uma introdução gradual dos seus regulamentos até 2026 e regula a utilização de sistemas de IA na UE, com especial destaque para a classificação de risco. Entre as ferramentas de alta tecnologia está o reconhecimento facial biométrico, classificado como de alto risco. A sua utilização em espaços públicos para fins de aplicação da lei é geralmente proibida, a menos que haja casos excepcionais específicos, como a busca de pessoas desaparecidas ou a prevenção de ataques terroristas.
Estes requisitos legais devem ser harmonizados com os regulamentos nacionais. Alguns críticos salientam que as disposições existentes na Lei da Polícia de Segurança carecem de sensibilidade aos direitos fundamentais. Epicenter.works aponta para uma decisão do Tribunal Constitucional que considera a vigilância contínua problemática em termos do seu impacto nos direitos pessoais básicos. O apelo à reforma jurídica está a tornar-se mais forte, especialmente no que diz respeito às medidas de protecção necessárias para os cidadãos.
Críticas e impacto social
Contudo, as críticas não se limitam aos actuais desenvolvimentos na Áustria. Na Alemanha, a Baixa Saxónia é o primeiro estado a planear integrar a IA na videovigilância pública, enquanto o governo federal está a considerar medidas semelhantes. As preocupações com a protecção de dados e o risco de restrição dos direitos fundamentais estão no centro destas discussões. Também aqui a base jurídica é repetidamente considerada inadequada. O aperfeiçoamento destes regulamentos é um tema muito debatido, particularmente no que diz respeito à definição de “tempo real” e às condições de excepções na utilização da identificação biométrica remota.
Além das preocupações jurídicas, existem também preocupações técnicas específicas. Os críticos alertam sobre a possibilidade de erros nos sistemas de vigilância alimentados por IA, que podem levar a resultados falsos positivos ou falsos negativos. Esta questão levanta novamente a questão da qualidade dos dados de treino e dos algoritmos utilizados, o que pode levar a preconceitos e discriminação.
No geral, deve ser realizada uma consideração abrangente dos efeitos na sociedade. As actuais medidas exigem uma avaliação intensiva para garantir que tanto a luta contra a criminalidade como a protecção dos direitos fundamentais estão harmonizadas.
Os requisitos para a integração da IA na tecnologia de segurança são elevados, especialmente em termos de cibersegurança e precisão, e devem ser compatíveis com os regulamentos de proteção de dados existentes, como o RGPD. Os críticos temem que os desenvolvimentos actuais possam intensificar desnecessariamente a vigilância e o controlo da população e restringir severamente o livre acesso à informação e à autodeterminação.
Embora o debate sobre o equilíbrio certo entre segurança e liberdade prossiga, é claro que o impacto destes regulamentos é de grande alcance e requer uma avaliação e ajustamento cuidadosos para proteger os direitos fundamentais.
Para obter mais informações sobre a discussão sobre vigilância por vídeo e integração de IA, você pode ler os relatórios de Jornal pequeno, o blog de Dallmeier e Versos mentais ser lido.