Orbán ignora mandado de prisão: Netanyahu faz visita polêmica à Hungria
O primeiro-ministro húngaro Orbán recebe Netanyahu apesar de um mandado de prisão internacional - análise das implicações jurídicas.
Orbán ignora mandado de prisão: Netanyahu faz visita polêmica à Hungria
Na próxima quarta-feira, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, receberá o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Esta é a primeira viagem de Netanyahu à Europa desde que o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu um mandado de prisão internacional contra ele devido à guerra em Gaza. Orbán criticou o mandado de detenção como provocativo e anunciou que convidaria Netanyahu sem que este tivesse de temer quaisquer consequências. Apesar das obrigações da Hungria, ao abrigo do direito internacional, de executar o mandado de detenção, Orbán ainda está a considerar afastar-se do TPI.
O mandado de prisão faz parte do quadro jurídico do TPI, que iniciou o seu trabalho em 2002. O Estatuto de Roma, que lhe serve de base, foi assinado em 1998 e estabelece jurisdição para os crimes mais graves, como genocídio e crimes de guerra. O TPI é independente das Nações Unidas e tem sede em Haia. A sua jurisdição aplica-se a todos os estados contratantes, incluindo os estados membros da UE.
Antecedentes da disputa legal
A possibilidade de a Hungria se retirar do TPI tem sido discutida desde o ano passado. Orbán vê o mandado de captura internacional como um ataque à soberania dos Estados e um abuso do direito internacional. O TPI tem a tarefa de assumir a responsabilidade por crimes que os tribunais nacionais não processam; Isto acontece especialmente em países onde o poder judicial não é capaz ou não quer responsabilizar os perpetradores.
O TPI só pode tomar medidas se a nação em questão for um Estado Parte no Estatuto de Roma ou tiver jurisdição reconhecida. No passado, este também foi o caso em situações em Estados que não são Estados contratantes, como a Líbia ou a Ucrânia, e baseou-se parcialmente em resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Reações e perspectivas internacionais
O convite de Orbán a Netanyahu também destaca as alianças geopolíticas que importam no actual cenário político. Embora a discussão sobre o TPI e o seu papel na aplicação da lei internacional prossiga, resta saber como evoluirá a situação e as reacções de outros Estados à visita de Netanyahu.
Dadas as tensões jurídicas e políticas em torno do mandado de detenção, a decisão de Orbán de acolher Netanyahu parece enviar uma mensagem clara. Esta atitude poderá ter um impacto não só na política húngara, mas também na percepção internacional do TPI e na sua eficácia na aplicação do direito internacional.
Para mais informações sobre os fundamentos do TPI e os aspectos jurídicos específicos, consulte os artigos do coroa, Espelho e isso Ministério das Relações Exteriores recomendado.