Demissão na base dos EUA: conflito na Groenlândia derruba coronel
O coronel Meyers foi demitido do cargo de comandante da Base Espacial Pituffik, na Groenlândia, depois que o vice-presidente Vance fez duras críticas lá.
Demissão na base dos EUA: conflito na Groenlândia derruba coronel
Os últimos desenvolvimentos em torno da Base Espacial Pituffik, na Gronelândia, revelam mudanças significativas na estratégia militar dos EUA e nas condições geopolíticas no Árctico. Em 11 de abril de 2025, a Coronel Susannah Meyers foi destituída de seu cargo de comandante da base, anunciada oficialmente pelo Comando de Operações Espaciais, devido à perda de confiança em suas habilidades de liderança. A sua demissão pode estar relacionada com a atual situação tensa entre os Estados Unidos e a Dinamarca, que exerce controlo sobre a Gronelândia. Isto surge no contexto das crescentes ambições americanas e do interesse do Presidente Donald Trump na região, que alberga recursos importantes.
Apenas duas semanas antes da demissão de Meyers, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, visitou a base e expressou duras críticas à Dinamarca, o que pode ter afetado o humor entre os soldados norte-americanos ali estacionados. O Coronel Meyers opôs-se claramente aos comentários de Vance num e-mail interno para evitar prejudicar a unidade entre as tropas dos EUA e os canadianos, dinamarqueses e groenlandeses que lá trabalham. O Coronel Shawn Lee assumiu agora o comando da base.
Importância estratégica da Groenlândia
A Gronelândia, que funciona como um território autónomo sob a Dinamarca, tornou-se cada vez mais uma força estratégica na política internacional. A Base Espacial Pituffik, anteriormente conhecida como Base Aérea de Thule, desempenha um papel central na estratégia de defesa militar dos EUA. O local fica entre os Estados Unidos e a Rússia e é fundamental para missões de alerta de mísseis, defesa antimísseis e vigilância espacial.
Troy Bouffard, professor de segurança do Ártico, enfatiza que a base é importante para monitorar as atividades militares da Rússia na região. Os EUA já estabeleceram uma presença militar na Gronelândia para evitar situações de confronto com a Rússia e a China. Tal como sugerem os relatórios, as alterações climáticas poderão aumentar o acesso a recursos valiosos na região, complicando ainda mais a dinâmica geopolítica.
Ambições internacionais e reações locais
As ambições dos EUA na Gronelândia são claras, especialmente depois de Trump ter manifestado o desejo de adquirir ou de outra forma exercer influência na Gronelândia em 2019 e novamente em 2021. Apesar destas aspirações, a Dinamarca reconheceu o desejo da Gronelândia de autodeterminação, e o Primeiro-Ministro da Gronelândia anunciou eleições parlamentares antecipadas. Com cerca de 56 000 habitantes, predominantemente Inuit, a população da Gronelândia tem cada vez mais voz a favor da independência e da utilização dos recursos do seu país.
Dada a importância geoestratégica da Gronelândia e a crescente competição pelos recursos no Árctico, a região tornou-se o foco de jogos de poder globais. As ambições russas e chinesas nas águas do Árctico também levantam riscos e desafios para a estratégia militar dos EUA dirigida a partir da Base Espacial Pituffik.