Registo de activos da UE: transparência ou invasão da sua privacidade?
O planeado registo de activos da UE destina-se a criar transparência, mas levanta preocupações sobre a protecção de dados e a privacidade.

Registo de activos da UE: transparência ou invasão da sua privacidade?
Está a ser planeado um registo central de activos à escala da UE para registar activos significativos de pessoas singulares e colectivas. Este registo deverá incluir, entre outras coisas, contas bancárias, imóveis, valores mobiliários, moedas digitais e bens móveis, como obras de arte. Segundo a Comissão Europeia, foi publicado em outubro de 2024 um estudo de viabilidade sobre a implementação técnica e jurídica para reforçar a luta contra o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e a evasão fiscal. Os apoiantes do projecto consideram-no um passo essencial para uma maior transparência financeira na UE.
No entanto, também existem vozes críticas. Dr. Peter Wagesreiter, especialista em direito financeiro, expressou preocupação sobre o registro de bens pessoais e sua possível influência na autodeterminação informacional. Os críticos alertam para uma possível invasão da privacidade dos cidadãos e para o risco de perda de confiança nas instituições estatais. As questões da legislação de protecção de dados também estão em questão depois de o Tribunal de Justiça Europeu ter decidido em 2022 que o pleno acesso público a esses dados era incompatível com os direitos fundamentais.
Armazenamento de dados e direitos de acesso
Os dados serão inicialmente recolhidos a nível nacional e posteriormente fundidos a nível da UE. Contudo, apenas os organismos governamentais, como as autoridades financeiras e responsáveis pela aplicação da lei, deverão ter acesso; Não há planos para a inspeção pública dos registos. Wagesreiter apela a limites legais claramente definidos para o acesso aos dados e enfatiza a necessidade dos mais elevados padrões de segurança para evitar potenciais fugas e utilização indevida de dados. Não se espera que o registo seja introduzido antes de 2025; No entanto, estão em curso projectos legislativos iniciais.
Além destes planos, foram adotadas novas regras da UE contra o branqueamento de capitais em abril de 2024, regulando o acesso a dados sobre beneficiários efetivos para aqueles com “interesses legítimos”, como profissionais da comunicação social ou a sociedade civil. Estes registos deverão conter dados actuais, bem como informações relativas a pelo menos cinco anos. As autoridades de investigação receberão maiores poderes para analisar atividades suspeitas e serão introduzidas regras de vigilância mais rigorosas para pessoas com ativos totais de pelo menos 50 milhões de euros.
Consequências e reações
A UE está também a planear uma nova autoridade para combater o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, que será criada em Frankfurt. Esta autoridade supervisionará as empresas financeiras de risco e atuará como um centro central de dados e informações. As leis contra o branqueamento de capitais deverão ser formalmente adotadas pelo Conselho antes da publicação no Jornal Oficial da UE, respondendo às exigências dos cidadãos expressas durante a Conferência sobre o Futuro da Europa.
No entanto, os críticos questionam a necessidade destas medidas e o seu impacto na confiança dos cidadãos na UE. Embora aumentem os planos para fornecer informações mais abrangentes sobre os activos, permanecem os receios sobre um potencial estado de vigilância e perda de privacidade. A discussão sobre o registo de activos da UE continua, portanto, a ser um ponto central de discórdia na área de tensão entre a protecção de dados, o controlo estatal e a supervisão financeira.
Para obter informações detalhadas sobre as medidas planejadas e seu histórico, você pode baixar os relatórios em OTS, Parlamento Europeu e anwalt.de chamar.