Conservacionista constrói pontes na Amazônia para travessia de macacos
Um biólogo brasileiro está construindo pontes na Amazônia para ajudar animais como o Titi de Groves a atravessar estradas com segurança. Uma abordagem inovadora para combater a mortalidade rodoviária.
Conservacionista constrói pontes na Amazônia para travessia de macacos
The Call to Earth é uma série editorial da CNN dedicada a reportar sobre os desafios ambientais do nosso planeta e suas soluções. Iniciativa Planeta Perpétuo da Rolex faz parceria com a CNN para aumentar a conscientização sobre as principais questões de sustentabilidade e inspirar ações positivas.
A ameaça do tráfego rodoviário
A primeira vez que a bióloga brasileira Fernanda Abra viu um macaco titi de Groves, uma das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo, ele foi posicionado bem ao lado de uma estrada. “Estava completamente exposto aos perigos do trânsito”, lembra Abra.
Embora os números variem muito, no Brasil estima-se 475 milhões Vertebrados mortos anualmente por veículos. O Brasil tem a quarta maior rede rodoviária do mundo e abriga a floresta amazônica.
Soluções através de pontes na área das copas das árvores
Fernanda Abra, pesquisadora de pós-doutorado no Centro Smithsonian para Conservação e Sustentabilidade, está tentando resolver esse problema construindo pontes ao nível da copa das árvores. Isso permite que espécies que vivem em árvores atravessem as estradas com segurança.
Como parte do projeto Reconecta, a Abra construiu mais de 30 travessias de dossel na BR-174, uma rodovia de 3.300 quilômetros de extensão que atravessa a Amazônia, em colaboração com parceiros locais, incluindo os indígenas Waimiri-Atroari, que possuem importante conhecimento da vida selvagem em seu território nos estados brasileiros do Amazonas e Roraima. Em 2024 ela foi premiada com o Prêmio Fundo Whitley para a Natureza prêmio que homenageia conservacionistas de base.
A esperança de mudanças positivas
A Abra espera que essas estruturas possam ajudar a melhorar a situação de algumas espécies ameaçadas e ameaçadas de extinção no Brasil, como o titi-dos-bosques, o sagui-de-alfaiate e o macaco-aranha-da-guiana. Cada ponte é equipada com câmeras para monitorar os animais que a utilizam, bem como aqueles que se aproximam, mas voltam. As estruturas podem ser redesenhadas para incentivar a travessia dos animais.
“É maravilhoso ver sempre o vídeo do macaco usando minha ponte nas copas das árvores porque estamos prevenindo a situação de mortalidade no trânsito”, diz Abra.
Crescimento e networking para um futuro melhor
A religação de fragmentos florestais que foram separados por infra-estruturas humanas também pode proporcionar outros benefícios, como o acesso a mais recursos alimentares e potenciais parceiros para os animais. “Se conectarmos a população, poderemos fortalecê-la e permitir seu crescimento”, explica Abra.
Este esforço pode ser crucial à medida que o Brasil continua a construir novas estradas. Em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou planos para investir quase 200 mil milhões de dólares em infraestruturas, incluindo novas autoestradas.
Abordagens globais para conectividade animal
Abordagens semelhantes são usadas em todo o mundo. Na Califórnia será um viaduto construído sobre a rodovia 101 de 10 pistas, permitindo que animais como leões da montanha, coiotes e linces cruzem com segurança.
Abra também planeja maior crescimento. O projeto Reconecta agora está se expandindo para Alta Floresta, cidade do centro-oeste do estado de Mato Grosso. Ela trabalha com representantes de diversas agências governamentais, bem como de organizações sem fins lucrativos e universidades. As pontes sobre as copas das árvores serão complementadas por medidas como travessias de velocidade para desacelerar o trânsito e sinais de travessia de veados para alertar os motoristas.
Um compromisso com a conservação da natureza
Ela espera eventualmente expandir para outras partes do Brasil. “O que me surpreende no Brasil é a riqueza que temos, a maravilhosa biodiversidade”, diz Abra, “e farei tudo o que puder, como pessoa, como profissional, como conservacionista e pesquisador, para proteger essa rica biodiversidade”.