Visita europeia de Carney: recepção amigável apesar da guerra comercial com Trump
Mark Carney, o novo primeiro-ministro do Canadá, é recebido calorosamente na Europa na sua primeira viagem ao estrangeiro, uma vez que as relações com Trump permanecem tensas. Insights sobre a situação política atual.
Visita europeia de Carney: recepção amigável apesar da guerra comercial com Trump
Mark Carney, o novo primeiro-ministro do Canadá, foi recebido calorosamente na Europa na segunda-feira, durante a sua primeira visita ao exterior como chefe de governo. Isto contrasta fortemente com a posição hostil que o presidente dos EUA, Donald Trump, assumiu em relação ao Canadá. Carney assumiu o cargo na sexta-feira e escolheu a França como destino para sua primeira visita oficial. O alegre presidente Emmanuel Macron recebeu-o em Paris. Carney também visitará Londres no mesmo dia.
Um símbolo dos valores europeus
Numa conferência de imprensa conjunta no Palácio do Eliseu, Carney alternou entre o francês e o inglês e enfatizou que o Canadá é "o mais europeu dos países não europeus". Ele prometeu ser um “parceiro confiável, confiável e forte” para Paris. Macron elogiou o Canadá por “estar ao lado” da França e da Europa e expressou a sua alegria pela visita: “Damos as boas-vindas a um amigo e damos-lhe as boas-vindas com grande alegria”.
Relações tensas com os EUA
A recepção calorosa de Carney em Paris ocorre num momento em que as relações do Canadá com os Estados Unidos estão em crise. Desde o regresso de Trump à Casa Branca, ele impôs tarifas draconianas à economia canadiana e apelou para que o Canadá se tornasse o 51º estado dos EUA. Ele também criticou o ex-primeiro-ministro Justin Trudeau, referindo-se repetidamente a ele como um “governador”.
Um novo plano para os liberais
Carney disse antes de sua posse que estava disposto a se reunir com os Estados Unidos "em termos que mantivessem o respeito pela soberania canadense". Além de negociar com Trump, Carney, que nunca ocupou cargos públicos no Canadá, liderará o Partido Liberal nas próximas eleições federais, que ocorrerão ainda este ano.
Renascimento dos Liberais
Antes do regresso de Trump, os liberais que estavam no poder há quase uma década estavam sem energia e ideias. As pesquisas apontavam para uma pesada derrota dos conservadores liderados por Pierre Poilievre. Mas as ameaças de Trump à economia e à soberania do Canadá desencadearam uma notável renovação nos Liberais e tornaram as próximas eleições mais interessantes do que eram há apenas algumas semanas.
Conversas e desafios internacionais
Desde que assumiu o cargo, Carney manteve conversações com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sobre a guerra na Ucrânia, bem como com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sobre os planos de Bruxelas para financiar o rearmamento europeu num contexto de declínio e incerteza do apoio militar dos EUA.
Visita a Londres e experiências anteriores
Na conferência de imprensa em Paris, Carney elogiou Macron como um “homem de acção” que ajudou o continente durante a crise de segurança. "No meio de uma crise, é preciso agir. Infelizmente, estamos no meio de uma crise económica e geopolítica. Mas quando se age, os valores devem estar na vanguarda: soberania, solidariedade, dinamismo e sustentabilidade. Estes valores estão nos nossos corações", disse Carney.
Na segunda-feira, Carney também visitará Londres para falar com o primeiro-ministro Keir Starmer e se encontrar com o rei Carlos III. para dissuadir. Carney será conhecido de muitos no Reino Unido, pois atuou como governador do Banco da Inglaterra de 2013 a 2020, supervisionando a longa recuperação da crise financeira de 2008, antes de deixar o cargo à beira da pandemia de Covid-19.
Retorne a um novo contexto
Durante o seu mandato, Carney foi criticado por alguns, especialmente pela direita política, por alertar repetidamente que a saída do Reino Unido da União Europeia prejudicaria a economia britânica. Agora Carney regressará a uma Londres que desfruta de relações mais calorosas com Bruxelas do que em qualquer momento desde o referendo do Brexit de 2016, à medida que a ameaça militar contínua de Moscovo e a retirada de Washington de garantir a segurança do continente aproximam o Reino Unido e a UE.
Max Foster da CNN contribuiu para este relatório.